Jantar/Comício em Faro
Camaradas e amigos,
Gostaria de começar esta minha intervenção por enviar uma forte saudação a todos os que cá estão, a participar e a organizar este grande jantar comício do PCP, a todos os camaradas e aos muitos amigos que connosco estão na luta e que se juntaram a esta iniciativa.
Endereço uma saudação particular ao nosso Secretário-geral Paulo Raimundo que participa nas iniciativas do Partido de 15 Agosto aqui na região. Bem-vindo Camarada.
Realizamos este jantar/comício aqui em Faro num local onde se têm feito muitas iniciativas do Partido e decorrido muitas acções de luta dos trabalhadores e da população.
Luta que tem sido intensa e que vai continuar, perante a actual situação económica e social que atravessamos.
O Algarve é nesta altura de meses de Verão destino de muitos milhares de pessoas que aqui encontram o descanso próprio do período de férias. No entanto, esta situação não esconde, que durante todo o ano, incluindo neste período, a realidade da região não é diferente daquela que marca a realidade em todo o país.
Para os trabalhado é uma vida de baixos salários e pensões, de aumento insuportável do custo de vida, de precariedade, exploração e diiculdades no cesso à habitação ou asaúde.
Uma realidade de falta de investimento nos serviços públicos, de falta de resposta aos problemas da escassez da água e da prevenção dos incêndios, de limitações à mobilidade das populações, de desvalorização das actividades produtivas e da produção nacional.
Mas, por outro lado, para os grupos económicos é o El Dorado dos milhões e milhões de lucros, acumulados à custa da exploração dos trabalhadores e dos privilégios garantidos e concedidos pela política de direita, pelas opções do Governo PS, com o apoio de PSD, CDS, Chega e Iniciativa Liberal.
Por isso não esquecemos neste período de verão a mensagem que durante todo o ano afirmamos com confiança: há alternativa para a região, há uma política alternativa patriótica e de esquerda capaz de dar ao Algarve uma perspectiva de futuro de desenvolvimento, progresso e justiça social, de melhoria das condições de vida para os trabalhadores e o povo e essa alternativa constrói-se com o desenvolvimento da luta e o reforço do PCP.
A questão dos salários continua a ser uma das questões centrais da afirmação dessa alternativa que o PCP protagoniza e continua a ser o motor de muitas lutas que aqui se têm travado, com acções em praticamente todos os sectores e os exemplos mais recentes das greves dos motoristas rodóviarios nas empresas EVA e Vizur ou dos trabalhadores da EMARP, da recolha dos lixos em Portimão.
É indispensável valorizar a luta e as conquistas com ela alcançadas.
Luta que certamente irá prosseguir considerando a realidade com que os trabalhadores estão a ser confrontados.
Fruto da política de direita por todo o país, mas com particular gravidade aqui no Algarve, os trabalhadores estão confrontados com elevadíssimos níveis de exploração, de agravamento do empobrecimento e ataque aos seus direitos.
Nas iniciativas que recentemente realizámos com os deputados do PCP ao Parlamento Europeu o que se viu e ouviu vai nesse sentido.
Em várias unidades hoteleiras em Albufeira testemunhamos o grau de precariedade ali existente quando grande parte dos trabalhadores são contratados por empresas de trabalho temporário para serviços permanentes. Onde o salário mínimo ou muito perto disso é o que levam para casa a generalidade dos trabalhadores.
Onde a indignação é o sentimento das empregadas de limpeza, que ganham por mês menos que os preços de algumas diárias dos quartos que limpam.
No comércio, em vários centros comerciais ouvimos a reivindicação do fecho ao Domingo, a redução do horário das lojas e o aumento geral dos salários.
Na empresa CTT há a clara consciência de que a privatização só serviu para os accionistas encherem os bolsos, em prejuízo dos trabalhadores que cada vez têm mais dificuldades e as populações com pior serviço postal.
No Aeroporto também a precariedade é a marca do dia-a-dia.
A maioria das empresas recorre ao trabalho temporário para assegurar o funcionamento durante 6 a 8 meses e depois ficam com um reduzido número de efectivos no inverno.
No sector público, mais particularmente nas autarquias, sentem-se os problemas da desvalorização das carreiras e dos salários e as consequências do injusto sistema de avaliação - SIADAP. Trabalhadores que empobrecem a trabalhar após 30 anos de serviço, auferindo quase o mesmo que quem acaba de entrar na Administração Pública. Nas empresas municipais EMARP - Portimão e FAGAR - Faro ainda se trabalha 40 horas semanais.
Também na saúde se sente a falta de valorização das carreiras e do próprio SNS. No Hospital de Portimão o encerramento de serviços e a falta de condições de trabalho é uma realidade constante.
Quem também se queixa da escassez dos rendimentos e da falta de apoios são os pescadores e viveiristas. Atingidos pelas políticas de abandono das actividades produtivas e da produção nacional reclamam a valorização do pescado em lota e mais apoios à produção.
No maior sector da região, o Turismo, há muita riqueza a ser acumulada em vez de ser distribuída. Veja-se os números apresentados pelo sector desde o início do ano, sempre acima de anteriores anos, com recordes de turistas e de receitas. Mas, e, como tem sido a evolução dos salários desde então? Qual a resposta dada pelos grupos do sector?
Tem sido de recusa de negociação colectiva com o Sindicato da Hotelaria do Algarve; com a recusa de aumentar os salários base; com a recusa de aumentar o valor das horas extra e nocturnas;
com a recusa de vincular trabalhadores precários; com a retirada de direitos como a alimentação em espécie; com a atribuição de prémios mensais de produtividade e assiduidade, numa chantagem inaceitável de que “só recebe quem não falta”, seja por que razão for - mesmo que seja assistência à família, funeral, crédito sindical ou por exercer o direito à greve. Tem sido esta a reposta de quem se queixa por falta de trabalhadores e o que é preciso é mais apoios do governo e acordos para facilitar vistos a trabalhadores estrangeiros.
Assim se vê o modelo errado para onde a política de direita tem empurrado a nossa economia regional.
Que haja turismo e turistas, que a região ganhe com isso, mas sobretudo que ganhem os seus trabalhadores, que a riqueza criada não fique acumulada nos grupos hoteleiros e seja distribuída pelos trabalhadores.
É isso que se exige, é isso que o PCP defende.
E quanto a esta situação agora de menor números de turistas nestes meses de Julho e Agosto, é certo que ela não estará afastada das dificuldades económicas do turismo nacional e mesmo de outros mercados estrangeiros mas, também, dos preços praticados na época alta. As subidas de preços são de tal ordem que afastam quem tem menos disponibilidade financeira.
Mas não se chore pelos grupos hoteleiros que já trataram de assegurar os seus lucros, mesmo com menos vendas.
Camaradas, As dificuldades dos trabalhadores não estão apenas na exploração e nas injustiças do trabalho mal pago, estão também no aumento do custo de vida, dos preços dos bens essenciais, da habitação ou nos obstáculo no acesso a serviços de saúde.
Num distrito muito marcado pela pressão imobiliária, onde o turismo domina e regula preços, os preços das casas são inacessíveis. Seja para arrendar ou para comprar o que há são valores exorbitantes e inacessíveis.
E na Saúde, com as carências do SNS é ver os grupos privados do negócio da doença a fazer lucros à custa de populações sem médico de família, com consultas e cirurgias atrasadas, com exames de diagnóstico sem resposta no SNS.
Caso com grande enorme gravidade é o jogo dos encerramentos de serviços nos hospitais algarvios. Fecha-se à vez maternidade, obstetrícia, pediatria, urgências de especialidade, em Faro e Portimão, deslocando-se quem possa muitas dezenas de quilómetros de um lado para outro, ficando a opção do privado pago com dinheiro do estado mais perto. Os algarvios precisam e têm direito aos cuidados de saúde consagrados na Constituição de República, o direito a um serviço público de saúde.
Camaradas, É um desfiar de problemas que não pode ser encarado com resignação ou conformismo, antes exige a luta e o seu desenvolvimento. É preciso dar resposta a este estado de coisas afirmando a alternativa e juntando forças para que se concretize.
Aí estão as lutas dos trabalhadores que é preciso estimular e ajudar a desenvolver.
Aí estão as lutas das populações que é preciso dinamizar e organizar, com destaque para a acção convocada pela CGTP para o próximo dia 16 de Setembro em defesa do SNS.
A luta está nos locais de trabalho e nas ruas e é aí que têm de estar os comunistas e os democratas para que o futuro do Algarve e do país seja diferente.
Sabemos que não é fácil, ou sequer está facilitada esta tarefa de combater a política de direita e levar a Alternativa Política aos trabalhadores mas uma coisa é certa: é o PCP, os seus militantes com a sua acção, é o nosso Partido, que está em condições de o fazer.
E para isso é preciso reforçar o Partido, continuando com as medidas decididas: dando prioridade ao desenvolvimento da luta nos locais de trabalho; tomando a iniciativa e vindo para a rua denunciando os problemas e afirmando as soluções que temos para eles; envolvendo outros democratas e patriotas na acção política e na luta; garantindo o desenvolvimento da intervenção na frente autárquica; reforçando o Partido com mais militantes e mais quadros responsabilizados por tarefas concretas, com mais leitura do jornal Avante, mais meios de difusão da nossa mensagem, mais e melhor organização de base.
A Festa do Avante, que é já daqui a 15 dias.
Temos de acelerar a venda da EP, mobilizar para a participação nas excursões, garantir nos próximos fins-de-semana a conclusão da construção do nosso espaço, intensificar a divulgação da Festa.
Já só temos 15 dias para convencer quem nunca visitou a Festa a participar pela primeira vez.
A Festa do Avante e a luta continuarão presentes nas muitas iniciativas que iremos realizar nos tempos mais próximos, designadamente nos comícios de verão que ainda vão se realizar em Portimão, Vila Real de Stº António e Armação de Pêra.
Camaradas, são muitos os desafios e exigências que estão colocados ao nosso colectivo partidário e que exigem a sua força, acção e iniciativa, a sua forma militante de participação na vida política e social para que avance a luta por uma vida melhor.
Com confiança e alegria, mantendo o foco no essencial, superando dificuldades e obstáculos que persistem, avançar é preciso. Vamos à luta.
Viva a luta dos trabalhadores e do povo.
Viva o PCP